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domingo, 7 de novembro de 2010

Bando de Teatro Olodum estréia novo espetáculo – BENÇA


 

Para celebrar seus vinte anos de existência, o Bando de Teatro Olodum estreia o espetáculo “Bença”, com patrocínio da Petrobras, através da Lei Rouanet. Em Salvador, a montagem fica em cartaz de 5 a 28 de novembro, no Teatro Vila Velha, enquanto o Rio de Janeiro terá temporada de 3 a 12 de dezembro, no Teatro Tom Jobim, no Jardim Botânico. O respeito aos mais velhos é o mote da peça teatral, que propõe o resgate da memória cultural da humanidade. Em cena, os 19 atores e dois músicos contracenam com os depoimentos em vídeo de Bule-Bule, Cacau do Pandeiro, D. Denir, Ebomi Cici, Makota Valdina e mãe Hilza, figuras emblemáticas e guardiãs da cultura popular.
Em cartaz até 28 de novembro, “Bença” marca ainda a volta de Márcio Meirelles como diretor de teatro, fato que não acontece há quatro anos, quando ele assumiu a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. “Posso definir esse trabalho como um espetáculo de instalação, que eu fui descobrindo como fazer durante o próprio processo”, reflete Meireles.  Os diálogos abstratos de enredo bem tramado ganham corpo num palco com 20 metros de boca de cena. Nesse espaço, os vídeos conduzem o espectador para o sentido do espetáculo, que pode escolher que imagem quer acompanhar entre os três telões de exibição simultânea.

Com linguagem contemporânea e não linear, a peça, ao falar dos mais velhos, trata a passagem do tempo como algo construtivo e enriquecedor. Não um tempo cronológico que simplesmente passa, mas o tempo das coisas, ou seja, ele é circular e traz benefícios.
Com isso, a montagem também passa a mensagem do saber envelhecer bem. “Em nossas entrevistas, encontramos líderes que parecem resistir ao extremo e se mantêm vivos apenas esperando que alguém chegue para substituí-los. Isso resume bem o nosso trabalho de garimpagem do conhecimento – um conhecimento que não se encontra nos livros e que acaba se perdendo se não for resgatado”, afirma a diretora de produção Chica Carelli. Nesse sentido, “saber envelhecer bem” pode ser interpretado como aprender a entender, a dosar e a dominar o tempo. Na fala do cordelista Bule Bule, “quem sabe viver espera a morte com grandeza e produz bastante, até no último momento. Deixa um legado para se comentar e continua vivendo através da sua obra em outras matérias. Se for manso com o tempo, convive com ele e chega onde deseja”.

No que retoma o respeito aos mais velhos, “Bença” fala também das crianças. “Na minha família, o reconhecimento do saber dos idosos sempre foi natural. Minha bisavó era a vedete da contação de histórias e todo mundo ficava quieto para ouvir”, diz Zebrinha, coreógrafo da peça. Ele complementa com um alerta: “os velhos precisam ser preservados mesmo como pessoas físicas”. De fato, o pensamento corrobora com a fala de Makota Valdina em um dos vídeos quando ela lembra que em tempos passados a relação com a antiguidade envolvia uma reverência mais forte. “Dá-se muito valor ao que é novo, ao que é moderno, mas o que é velho está ficando em desuso”, afirma a educadora.

Com essa energia ancestral de orixá, tudo conspira a favor de uma justa homenagem à companhia negra mais popular e expressiva da história do teatro na Bahia.

05 a 28 de novembro, 20 hs, R$ 20 e 10.

Fonte: Evolução Hip Hop

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