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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Artistas Negras(os): Clemetina de Jesus

Clementina se mudou com a família para o bairro de Osvaldo Cruz na capital carioca e após a morte do pai teve de trabalhar como empregada doméstica. Trabalhou nesse ofício durante 20 anos, até ser descoberta pelo compositor Hermínio Bello de Carvalho. Participou do musical "Rosa de ouro" com outros músicos como Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho e Araci Cortes.

Em 1968, ao lado de Pixinguinha e João da Baiana lançou o disco Gente da Antiga. Gravou quatro discos solo e fez diversas participações, além de gravar corimás, jongos, cantos de trabalho, recuperando a memória afro-brasileira. Considerada rainha do partido alto, foi homenageada por Elton Medeiros com o partido "Clementina, Cadê Você?" e foi cantada por Clara Nunes com o "P.C.J, Partido Clementina de Jesus", em 1977, de autoria do compositor da Portela Candeia. Morreu em 1987, no Rio de Janeiro.

Artistas Negras(os) : Zezé Motta

Nascida em Campos, cidade do Norte Fluminense, Maria José Motta passou a residir no Rio de Janeiro, aos dois anos de idade, onde estudou em um colégio interno. Levada pelas mãos da mestra do teatro infantil, Maria Clara Machada, foi como bolsista fazer um curso de teatro, numa das mais famosas escolas do Rio de Janeiro, O TABLADO. O interesse pela arte de representar aflorou rapidamente em Zezé, e finalmente, em 1967, já estava profissionalizada. Para nossa sorte, alguns anos depois surgia uma das mais talentosas atrizes brasileiras, ZEZÉ MOTTA.

O SUCESSO FULGURANTE

Como atriz, ZEZÉ MOTTA teve carreira meteórica. Seu debut nos palcos aconteceu em 1967, no espetáculo RODA VIVA, com direção de José Celso Martinez Correa. Daí em diante não parou mais, participando de importantes peças, tais como: FÍGARO FÍGARO, ARENA CONTA ZUMBI, A VIDA ESCRACHADA DE JOANA MARTINE E BABY STOMPANATO, em 1969. Em 1972, participa de ORFEU NEGRO e, em 1974, do famoso GODSPELL, musical de grande sucesso na Broadway. Seu último grande sucesso no Teatro foi no musical ABRE ALAS, em 1999, sob direção da talentosa dupla Charles Moeller e Cláudio Botelho, ao lado de Rosamaria Murtinho.

O CINEMA EM SUA VIDA

Com passagens pelo cinema em A RAINHA DIABA, VAI TRABALHAR VAGABUNDO e a FORÇA DE XÂNGO, logo ZEZÉ faz teste para o filme que virá a ser o maior sucesso de sua carreira, XICA DA SILVA. Com direção de CACÁ DIEGUES, XICA DA SILVA faz sucesso no mundo inteiro, fazendo com que ZEZÉ MOTTA se torne conhecida mundialmente. Por sua magistral interpretação, recebeu todos os prêmios como atriz. A seguir vieram TUDO BEM, ÁGUIA NA CABEÇA, QUILOMBO, JUBIABÁ e ANJOS DA NOITE. Em 1989, ZEZÉ esteve nas telas em 6 filmes: SONHOS DE MENINA MOÇA, NATAL DA PORTELA, PRISIONEIRO DO RIO, EL MESTIÇO, DIAS MELHORES VIRÃO, TIETA e o TESTAMENTO DO SRº NAPOMUCENO. Seu último filme foi ORFEU, de CACÁ DIEGUES, em 1999.

A CULTURA NEGRA E O PRECONCEITO

Ao decidirmos fazer esta série de matérias sobre a cultura negra no Brasil, não pensávamos em enfocar a questão do preconceito racial; tínhamos a idéia de falar da cultura negra como já falamos e ainda falaremos de inúmeros outros povos que contribuíram para fazer do Brasil esse mosaico de raças.

Mesmo sem intenção de falar disto, a realidade se impôs e logo nas primeiras entrevistas percebemos que a cultura africana daqui é intrinsecamente ligada à escravidão e ao preconceito; estes elementos fazem parte da história do povo, assim como o colorido das roupas e da música, o sabor picante dos pratos e tantas outras coisas às quais nos acostumamos tanto que nem paramos para pensar de onde vêm. Portanto, não seria possível falar da cultura sem falar do preconceito.

Durante três séculos o trabalho escravo foi explorado no Brasil, até que a Lei Áurea foi assinada, abolindo a escravidão. Mesmo assim, o fim da escravatura foi uma idéia que demorou mais de um século para amadurecer e foi este um dos mais importantes períodos para a consolidação da cultura negra no Brasil. Nessa fase surgiram os clubes negros, os jornais que pregavam a liberdade, os partidos abolicionistas, os intelectuais, os políticos e os poetas.

Hoje, dono da maior população negra depois da Nigéria, com mais da metade dos habitantes negros, o Brasil conserva os costumes, as crenças, as maneiras e o modo de vida da raça negra, que acabaram originando a chamada cultura afro-brasileira. Na nossa dança, na religião, na música, na comida, no vestuário e na gíria, nota-se uma grande influência da cultura africana que hoje é mais do que nunca preservada, valorizada e praticada.

ENTREVISTA DE ZEZÉ MOTTA PARA A REVISTA RAÇA BRASIL

“Essa entrevista foi feita no período em que foi exibido na TV Globo a novela Porto dos Milagres”.

Você já sentiu algum tipo de discriminação por ser negra, mesmo depois de famosa?

Antes de ser conhecida no meio artístico e reconhecida pelo público, passei muitas vezes por situações de preconceito. Agora não posso reclamar, sou mais respeitada. Mas vejo muitos atores novos desempregados e deprimidos por causa disto. Para quem ainda não se firmou, a situação é bem complicada. Superei o preconceito com muito trabalho, muito empenho e luta constante.

De uns tempo para cá, tem havido uma valorização do negro na mídia. Pela primeira vez começaram a surgir, por exemplo, revistas e produtos de beleza específicos para pessoas negras. Você acha que essa valorização reflete uma mudança real na sociedade?

Acho que essa valorização tem mais a ver com a pressão de negros intelectuais. A Revista Raça, no ano em que foi lançada, vendeu mais do que qualquer outra. Acho que finalmente os empresários se deram conta de que os negros representam uma grande fatia do mercado, que eles consomem, que também compram. Acho que realmente está havendo uma preocupação em mudar isto, vejo na publicidade, na recém terminada novela das 6h, Estrela-guia, havia uma moça negra e seu namorado, também negro, ambos muito bem sucedidos. Acho que a pequena mudança que está acontecendo neste sentido é boa, porque acredito que se mudarmos isto nos meios de comunicação poderemos mudar a mentalidade das pessoas, já que a mídia é muito poderosa.

Quando questiono produtores e diretores sobre isto, eles me respondem que a TV e o cinema reproduzem a realidade do Brasil, que os negros, aqui, tem um poder aquisitivo menor, que são em geral de classes sociais mais baixas, trabalham como faxineiras, empregados domésticos, serviçais, enfim, que nem chegam às universidades. Me surpreende muito isto porque tem muito negro engenheiro, arquiteto, médico. Existe classe média negra, embora não seja a maioria, só que a mídia não mostra isso. Aí fico pensando que o Brasil vende tanta novela no exterior. Será que ninguém lá fora perguntou que Brasil é este, que só tem brancos? Mesmo minha novela (Porto dos Milagres), se passa na Bahia, onde a população é predominantemente negra, e somos só seis negros no elenco.

Temos, no CIDAN (Centro de Informação e Documentação do Artista Negro), cadastrados hoje 380 atores negros, do RJ, SP e Bahia. E cadê esse pessoal? Você não vê por aí. Acho que para virar este jogo precisamos começar a produzir e dirigir nossas próprias peças, e não ficar esperando os brancos abrirem portas. Se fizermos bem feito, isto dá certo. Não estou falando de usarmos um elenco completamente negro, mas com maioria de atores negros. Não se trata de privilegiar estes atores, mas de criar oportunidades que atualmente não existem.

Acho também que estas conquistas podem ajudar outras classes menos favorecidas a andarem mais em direção à defesa de seus direitos.

Na sua opinião, como o Jorge Amado trata a figura negra em seus romances?

Quando fiz Xica da Silva e Quilombo as pessoas (algumas do movimento negro) questionavam e até criticavam o Cacá que os filmes eram sobre negros, mas na visão dos brancos. Aí ele respondia que aquela era a visão dele do Quilombo dos Palmares ou da história da Xica da Silva. Quem tivesse outra visão poderia representá-la de outra forma. Acho que a questão do Jorge Amado é igual. Ele escreve sobre a Bahia que ele vê.

Como você sente a repercussão no público, da imagem de uma mãe de santo (a Mãe Ricardina, da novela Porto dos Milagres? Acha que ainda há algum tipo de preconceito contra o Candomblé?

Gosto muito dela principalmente porque o público gosta muito dela. Nós, atores, precisamos do amor do público. As pessoas me falam que gostam dela, então eu estou fazendo com muito prazer, estou feliz e faço com prazer.

Eu não sabia nada sobre Candomblé, tinha medo até de passar na entrada de um terreiro. Quando saí pelo mundo para divulgar Xica da Silva, as pessoas me perguntavam sobre cultura negra e eu não sabia nada. Então fiz um curso com a antropóloga Lélia Gonzales e dele fazia parte assistir a um ritual de Candomblé. Já havia um suspeita de que eu era filha de Oxum. No dia em que fomos assistir ao ritual, era justamente uma festa para Oxum. Adorei, achei lindo e descobri que era mesmo filha dela. De lá para cá eu, sempre que vou à Bahia, vou ao terreiro de Mãe Estela, o Ilê, Axé Opó Afonjá . Todo final de ano faço um descarrego e de vez em quando jogo búzios. Toda vez que entro em cena, peço licença à Oxum para viver uma filha de Iemanjá e peço a Deus que meu trabalho resulte em algo bom. Durante muito tempo, e ainda acontece, as pessoas acharam que Candomblé e Umbanda eram religião de gente ignorante. Espero sinceramente que a Mãe Ricardina possa ajudar a quebrar esse preconceito.

Conheça o CIDAN – Centro de Informação e Documentação do Artista Negro

FONTE: http://www.culturanegra.com.br/

Show Carnaval Hip Hop: EUA, Bahia, Ceará - BA

A banda Simples Rap’ortagem, uma das precursoras do Movimento Hip-Hop organizado na Bahia, protagoniza o maior show de rap na história do carnaval de Salvador. No dia 22 de fevereiro, as 19h na Praça Tereza Batista, Pelourinho, o público baiano e demais turistas e visitantes da cidade, além do show inédito da Simples Rap'ortagem que abrirá temporada de eventos em comemoração dos seus 15 anos, poderão desfrutar da discotecagem do DJ Afrika Bambaataa (Nova York – Estados Unidos) considerado um dos grandes precursores do Hip-Hop mundial e do show da maior revelação do rap nacional, o MC Rapadura (Ceará - Brasil).

Afrika Bambaataa é o pseudônimo de Kevin Donovan (Bronx, Nova York), DJ estado-unidense líder da Zulu Nation, maior organização hip-hop de todos os tempos, com representação em mais de 50 países. Bambaataa é reconhecido oficialmente como um dos fundadores do Hip-Hop. Usando sons, que iam desde James Brown (o mestre da Soul Music) até o som eletrônico da música “Trans-Europe Express” (da banda européia Kraftwerk), e misturando ao canto falado trazido pelo Dj jamaicano Kool Herc, Bambaataa criou a música “Planet Rock”, que hoje é um clássico. Bambaataa também foi um dos líderes do Movimento Libertem James Brown, criado quando o mestre da Soul Music estava preso e, anos depois, foi o primeiro ‘Hip-Hopper’ a trabalhar com James Brown, gravando “Peace, Love & Unity”. Bambaataa criou as bases para surgimento do Miami Bass, Freestyle (gênero musical), ritmos que influeciam Dj’s em todo mundo.

Francisco Igor Almeida do Santos, mais conhecido como RAPadura Xique Chico, nasceu em Lagoa Seca no Ceará, desenvolve um trabalho voltado para o universo do canto falado. Uma mistura arrojada de Rap com a tradição da cultura popular brasileira, que tem suas raízes matriciais com a Embolada e o Repente. O MC (Mestre de Cerimônias) também mistura seus versos com jazz, funk, soul, valsa, marchinha de carnaval, bossa nova, samba rock e outros ritmos urbanos. Suas letras são contundentes e exalam uma linguagem poética sem perder a identificação com o povo. A intimidade de RAPadura com a música é natural. Prova disto foi sua conquista em 2007 do Prêmio Hútuz (RJ) como melhor artista do Norte-Nordeste.

A Simples Rap’ortagem é um das precursoras do Movimento Hip-Hop organizado na Bahia, e completará 15 anos em 22 de abril de 2009. Integra a banda o único representante da organização Zulu Nation no estado. Incorporando elementos regionais da cultura afro-baiana e nordestina a Simples, como é conhecida, vem se destacando no gênero pelo profissionalismo e pela produção musical que valoriza a criatividade poética. A arte do asfalto dialoga com a arte do campo onde o canto falado revive a força da oralidade africana. Traz canções que ressaltam o respeito aos valores regionais nordestinos, o fortalecimento dos referenciais de negritude, a valorização de um hip-hop brasileiro e a necessidade de emancipação feminina. Ritmo com poder de sensibilização, aliado a um conteúdo forte, reflexivo, agraciado com a irreverência, eis a Simples Rap’ortagem.

O quê: SHOW CARNAVAL HIP-HOP: EUA, BAHIA e CEARÁ

Data: 22/02/09 – Domingo de Carnaval

Horário: das 19h às 23h

Local: Praça Tereza Batista - Pelourinho

Obs.: aberto ao público


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Brasil e Senegal se reúnem para planejar III FesmanBrasil e Senegal se reúnem para planejar III Festival Mundial de Artes Negras

III Festival Mundial de Artes Negras terá o Brasil como convidado de honra

Brasília - O III Festival Mundial de Artes Negras (Fesman) foi pauta de reunião entre os ministérios da Cultura de Brasil e Senegal em Brasília, no último dia 22 de janeiro. Marcado para o dia 1º de dezembro, o III Fesman será realizado em Dacar, no Senegal, até o dia 21 do mesmo mês. O Brasil será convidado de honra do evento, que contará com a participação de mais de 80 países.
Estavam presentes à reunião, o presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), Zulu Araújo e o ministro da Cultura interino, Roberto Nascimento, além do ministro da Cultura senegalês, Mame Birame Diouf. O ministro Juca Ferreira e Zulu Araújo coordenam a comitiva brasileira do III Fesman.
Na reunião, as delegações definiram o dia 25 de maio como a data de lançamento oficial do evento no Brasil. O lançamento contará com as presenças dos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Senegal, Abdulaye Wade. Além disso, foi definida a data da reunião do Comitê Internacional, nos dias 1º, 2 e 3 de março, com a presença do ministro Juca Ferreira e do presidente da FCP, Zulu Araújo.
O ministro senegalês ressaltou que a reunião foi muito importante por ter sido realizada em um país escolhido para ser homenageado e com um papel relevante no Festival. "O Brasil tem uma liderança muito grande na América Latina e na Comunidade Negra, por isso esse encontro de hoje é primordial. O povo senegalês espera ansiosamente pelos brasileiros", disse.
O presidente da Fundação Palmares declarou que o MinC está cumprindo rigorosamente o cronograma já acordado em outras reuniões. Segundo Zulu Araújo, já foram criados os Comitês MinC e Comitê Nacional para o Fesman, além da primeira disponibilidade financeira, da ordem de R$ 3 milhões. Zulu Araújo relatou ainda a previsão de dois grandes eventos pré-Fesman: o 1° Fórum Nacional de Performance Negra para a Dança e Teatro, a ser realizado em Salvador, com previsão para maio, e o 2° Encontro sobre Renascimento Africano, previsto para acontecer no Rio de Janeiro, em junho.
O Festival Mundial das Artes Negras é a maior reunião das artes e da cultura negra do mundo. Foi idealizado pelo ex-presidente do Senegal, Léopold Sédar Senghor, na década de 1960, com o tema "Significação da Arte Negra pelo Povo e para o Povo". O segundo foi realizado na Nigéria, em 1977, com o tema "Civilização Negra e Educação". Este ano, vai homenagear o Brasil, com o tema o "Renascimento Africano". A homenagem se deve principalmente ao fato de o Brasil abrigar a segunda maior população negra mundial depois da Nigéria. Mais de 80 países vão participar do III Fesman. Quatro redes de satélites vão percorrer o mundo inteiro mostrando toda a programação, que será transmitida em cinco idiomas: inglês, francês, espanhol, português e árabe