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sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Documentário “MOCAMBO AKOMABU” será lançado no Centro Cultural Plataforma - BA


Documentário sobre o quilombo do Alto do Tororó tem direção  de  João Paulo Diogo

A Comunidade do Alto do Tororó, localizada em São Tomé de Paripe, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, é a personagem principal do documentário “MOCAMBO AKOMABU”, produzido através da parceria do Coletivo de Assessoria Cirandas, Cambuí Produções e a Finisher Studio.O lançamento do documentário acontecerá no dia 21 de novembro, no Centro Cultural Plataforma, a partir das 19 horas e terá uma grande programação comintervenção cultural com capoeira, Mesa de Debate, exibição do documentário “MOCAMBO AKOMABU”, homenagem as mulheres que contribuíram na luta quilombola o Alto Tororó e apresentação musical com o Hino da África do Sul.
O Quilombo do Alto do Tororó possui, como particularidade, a característica de ser uma comunidade tradicional urbana, pesqueira, extrativista e de terreiro. O documentário mescla depoimentos de lideranças comunitárias do Alto do Tororó e de atores políticos da pauta da igualdade racial, com cenas de animação e imagens de cobertura que trazem as particularidades desta Comunidade Quilombola. Inclusive o conflito que a mesma vive com a Marinha do Brasil, que montou a Base Naval na região, na década de 1940, e que desde então não reconhece as comunidades quilombolas vizinhas como donas do território.
O lançamento do documentário “MOCAMBO AKOMABU” finaliza um ciclo de quase cinco anos, desde que o Coletivo de Assessoria Cirandas foi procurado pela Comunidade do Alto do Tororó para fazer um filme sobre a comunidade e sobre a relação territorial que eles vivem.
“O Coletivo Cirandas assumiu o compromisso de registrar as histórias da Comunidade e convidou a Cambuí Produções para desenvolver o projeto de filmagem do documentário. Encaminhamos o projeto para os Editais do Fundo de Cultura da Bahia (Culturas Populares) e do Ministério da Cultura (Curta Afirmativo). Fomos contemplados nos dois editais e iniciamos o trabalho”, explica o produtor executivo da Cambuí Produções, Tiago TAO.
“Foram quase cinco anos após a primeira conversa no Quilombo do Alto do Tororó, finalmente podemos apresentar com orgulho e felicidade o resultado deste trabalho que envolveu mais de uma dúzia de profissionais do audiovisual, a Comunidade do Alto do Tororó e que foi abrilhantada pela belíssima trilha sonora do querido Tiganá Santana”, destaca o diretor e articulador comunitário, João Paulo Diogo.
Com apoio financeiro do Centro de Culturas Populares e Identitárias (CPPI), Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Governo do Estado da Bahia, o documentário de 26 minutos, que retrata o cotidiano da Comunidade do Alto do Tororó, também foi contemplado pelo Edital Curta Afirmativo: PROTAGONISMO DA JUVENTUDE NEGRA NA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL, realizado em parceria entre a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República e a Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, do Governo Federal.


O projeto do documentário “MOCAMBO AKOMABU” pretende ainda distribuir 1.000 DVDs para escolas públicas, bibliotecas e ONGs baianas, incluindo as organizações quilombolas na Bahia e no Brasil.

O DIRETOR
            João Paulo Diogo é um dos idealizadores do Coletivo de Assessoria Cirandas, que é um coletivo de jovens negros que presta assistência técnica ao movimento social nas áreas de desenvolvimento. Há mais de 18 anos atua no movimento social, tendo produzido diversos festivais culturais e atuado em diversas ONGs, como  produtor, educador, articulador e consultor. Em 2006, participou  da produção do documentário SILÊNCIO SENTIDO, sobre violência sexual; e produziu  em 2012, o documentário CULTURA DA INFÂNCIA. Este é o primeiro documentário que assina a direção.

           QUILOMBO URBANO DO ALTO DO TORORÓ
O Quilombo Urbano do Alto do Tororó, em São Tomé de Paripe, Subúrbio Ferroviário de Salvador, existe há mais de 400 anos e foi formado originalmente por negros escravizados em processo de resistência – quilombolas, que tinham a pesca como elemento de subsistência. Após a abolição da escravatura passaram a pescar e vender o peixe para os senhores de engenho e continuaram habitando o local. Hoje, os descendentes destes quilombolas sobrevivem basicamente da pesca, do extrativismo e do artesanato.
Entre os quilombos inseridos em capitais dos estados brasileiros, o Quilombo do Alto do Tororó destaca-se enquanto uma das poucos comunidades que para além de ser quilombola é extrativista, pesqueira e de terreiro, firmando esta comunidade com uma plena comunidade tradicional.
Contudo, um fato na década de 1940 mudou a dinâmica de vida desta comunidade: o estabelecimento de uma base americana na localidade de Ponta de Areia, a 6 km do Quilombo do Alto do Tororó, e que anos depois seria passada para Marinha de Guerra do Brasil, fez com que a comunidade vivesse a triste experiência de ver a Marinha desapropriar todas as terras no entorno do quilombo e aos poucos se apossar das terras da comunidade, reduzindo o território do Alto do Tororó a quase nada.
A partir desta ocupação da Marinha as pessoas da comunidade, segundo relatos, passaram de ser senhores e senhoras de seu território à serem vistos pela Marinha como invasores, sendo as pessoas da comunidade constantemente vítimas de agressões físicas, morais e psicológicas, por parte de patrulhas de marinheiros e fuzileiros navais nos caminhos de acesso aos manguezais, sendo presos e submetidos a castigos físicos e constrangimentos morais. A opressão chegou ao ápice com a ameaça de demolição da escadaria de acesso ao Porto das Canoas, demolição da rede de iluminação pública na ladeira de acesso a comunidade e impedimento da construção do campo de futebol.
Entretanto, este quadro é amenizado, depois de muita luta das lideranças da comunidade que dão um primeiro passo importante na conquista de seu direito ao território, com a finalização da primeira etapa do processo de reconhecimento como Remanescente de Quilombo (Certificado de Autodeclaração), em novembro de 2010, pela Fundação Cultural Palmares. A luta ainda não para, pois a Certificação é um primeiro passo.
Hoje, a comunidade encontra-se lutando incessantemente para que o INCRA cumpra seu papel e realize o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) do Quilombo do Alto do Tororó, garantindo assim um subsídio importante para a garantia do direito as suas terras.

EQUIPE DO PROJETO
Diretor e Articulador Comunitário – João Paulo Diogo

Diretor de Animação, Câmera e Montador – Léo Silva
Produtor Executivo – Tiago TAO
Animador 3D e Captação de Som – Ricardo Sousa
Assistentes de Produção – Bárbara Maré, Glauber Santos, Jenair Alves e Viviane Jacó
Design Gráfico e Webdesigner – Ravi Santiago
Finalização Audiovisual – Igor Caiê Amaral
Câmeras Adicionais – Ailton Pinheiro e Petrus Pires
Criação da Maquete do Quilombo – Luís Parras e Luna Matos
Finalização de Som – Hilário Passos
Trilha Sonora e Narração – Tiganá Santana
Músico convidado – Alex Mesquita
Assessoria de imprensa – Dayanne Pereira

SERVIÇO
O QUÊ: Lançamento do documentário MOCAMBO AKOMABU
QUANDO: 21 de novembro, a partir das 19h
ONDE: Centro Cultural Plataforma
INGRESSO: Entrada franca

PROGRAMAÇÃO
19h – Intervenção Cultural com Capoeira
19h20 – Formação da Mesa de Debate
20h – Exibição do documentário “MOCAMBO AKOMABU”
20h30 – Homenagem as Mulheres que contribuíram na luta quilombola o Alto Tororó
21h – Apresentação musical com o Hino da África do Sul


Visite a página do documentário mocamboakomabu.com.br
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